terça-feira, 24 de abril de 2012

LITURGIA / ANO B - 4º DOMINGO DO TEMPO PASCAL - 29 / ABRIL / 2012



Oração do Dia
Deus eterno e todo-poderoso, conduzi-nos à comunhão das alegrias celestes, para que o rebanho possa atingir, apesar de sua fraqueza, a fortaleza do pastor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.


1ª LEITURA
Leitura dos Atos dos Apóstolos
Naqueles dias, 8Pedro, cheio do Espírito Santo, disse: "Chefes do povo e anciãos: 9hoje estamos sendo interrogados por termos feito o bem a um enfermo e pelo modo como foi curado. 10Ficai, pois, sabendo todos vós e todo o povo de Israel: é pelo nome de Jesus Cristo, de Nazaré, — aquele que vós crucificastes e que Deus ressuscitou dos mortos — que este homem está curado, diante de vós.
11Jesus é a pedra que vós, os construtores, desprezastes, e que se tornou a pedra angular. 12Em nenhum outro há salvação, pois não existe debaixo do céu outro nome dado aos homens, pelo qual possamos ser salvos".


SALMO DE RESPOSTA
— A pedra que os pedreiros rejeitaram/ tornou-se agora a pedra angular.

— A pedra que os pedreiros rejeitaram/ tornou-se agora a pedra angular.

— Dai graças ao Senhor, porque ele é bom!/ "Eterna é a sua misericórdia!"/ É melhor buscar refúgio no Senhor,/ do que pôr no ser humano a esperança;/ é melhor buscar refúgio no Senhor,/ do que contar com os poderosos deste mundo!

— Dou-vos graças, ó Senhor, porque me ouvistes/ e vos tornastes para mim o Salvador!/ A pedra que os pedreiros rejeitaram/ tornou-se agora a pedra angular./ Pelo Senhor é que foi feito tudo isso;/ que maravilhas ele fez a nossos olhos!

— Bendito seja, em nome do Senhor,/ aquele que em seus átrios vai entrando!/ Vós sois meu Deus, eu vos bendigo e agradeço!/ Vós sois meu Deus, eu vos exalto com louvores!/ Dai graças ao Senhor, porque ele é bom!/ “Eterna é a sua misericórdia!"



2ª LEITURA
Leitura da Primeira Carta de São João
Caríssimos: 1Vede que grande presente de amor o Pai nos deu: de sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos! Se o mundo não nos conhece, é porque não conheceu o Pai.
2Caríssimos, desde já somos filhos de Deus, mas nem sequer se manifestou o que seremos! Sabemos que, quando Jesus se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal como ele é.


EVANGELHO
Evangelho de Jesus Cristo, segundo João
Naquele tempo, disse Jesus: 11"Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas. 12O mercenário, que não é pastor e não é dono das ovelhas, vê o lobo chegar, abandona as ovelhas e foge, e o lobo as ataca e dispersa. 13Pois ele é apenas um mercenário e não se importa com as ovelhas.
14Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem, 15assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. Eu dou minha vida pelas ovelhas.
16Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil: também a elas devo conduzir; elas escutarão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor.
17É por isso que o Pai me ama, porque dou a minha vida, para depois recebê-la novamente. 18Ninguém tira a minha vida, eu a dou por mim mesmo; tenho poder de entregá-la e tenho poder de recebê-la novamente; essa é a ordem que recebi do meu Pai".



* O Bom Pastor *


1a Leitura - At 4,8-12: Jesus é a pedra angular// 2a Leitura -1Jo 3,1-2: Somos chamados filhos de Deus// Evangelho - Jo 10,11-18: O bom pastor dá a vida por suas ovelhas.


A Igreja dedica um dos domingos pascais à contemplação de Jesus ressuscitado sob a imagem do Bom Pastor. Já no Antigo Testamento, Deus se manifesta como o pastor de seu povo e Jesus retoma esta imagem para definir sua missão junto à humanidade. Logo após a ressurreição, Cristo continua aparecendo em seu corpo glorioso ao grupo dos apóstolos como o pastor que vai ao encontro de suas ovelhas, dando-lhes novo alento na missão que assumiriam para a continuidade e crescimento da Igreja nascente. Esta imagem bíblica utilizada com tanta frequência faz-nos pensar hoje nos pastores que Jesus deixou em seu lugar para conduzirem o seu rebanho: o papa, os bispos, os sacerdotes e diáconos. Por isso é que hoje, no 49º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, rezamos por eles a fim de que sejam bons pastores e também para que não faltem santos e santas que se consagrem inteiramente ao bem das almas. "O bom pastor dá a vida pelas ovelhas" (Jo 10,11). É o gesto espontâneo do amor de Cristo pelos homens porque "Ninguém tira a minha vida, eu a dou por mim mesmo" (Jo 10,18). Neste mistério de misericórdia infinita, o amor de Jesus une-se e se confunde com o do Pai. Foi o Pai quem o enviou para que os homens tenham nele o Pastor que os guarde e lhes assegure a verdadeira vida. "Vede que grande presente de amor o Pai nos deu: de sermos chamados filhos de Deus! E nós o somos!" (1Jo 3,1). Tal amor presente no Deus Uno e Trino foi manifesto através do Filho, que com seu sacrifício libertou os homens do pecado e deu-lhes vida nova, tornando-os filhos de Deus. Em virtude desta obra redentora de Cristo todos os homens são chamados a fazer parte de uma única família, um único rebanho que se identifica com a Igreja, cuja pedra fundamental é Jesus. E São Pedro confirma que "Ele é a pedra que, rejeitada por vós, construtores, tornou-se a pedra angular" (1a leitura). Rejeitou-o a Sinagoga mas, por meio do mistério de sua morte e ressurreição, tornou-se Jesus o sustentáculo de um novo edifício: a Igreja. Ainda como antes, as palavras de Jesus soam como atuais: "Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco, e é preciso que eu as traga" (Evangelho). Na realidade, ainda são muitas as ovelhas afastadas do aprisco (curral que se destina às ovelhas). Entretanto, justamente sobre estas disse Jesus: "Escutarão a minha voz". Mas como podem ouvi-la se não há arautos da Palavra, mensageiros do Evangelho? O cristão atual deve estar comprometido por meio de suas palavras, orações e sacrifícios nesta premente obrigação de ajudar a conduzir ao aprisco de Cristo as ovelhas dispersas e que de todas se faça "um só rebanho" e tenham todas "um só pastor" (Jo 10,16). "Conheço as minhas ovelhas - diz Jesus - e minhas ovelhas me conhecem, como o Pai me conhece e eu O conheço" (Jo 10,15). Não se trata de simples conhecimento teórico, mas de conhecimento vital resultante da relação de amor entre o bom Pastor e suas ovelhas, comparável à relação de amor entre o Filho e o Pai. Assim a humilde imagem do pastor e suas ovelhas, usada por Jesus para revelar sua relação com a humanidade, é elevada ao patamar mais alto que é o da sua vida de comunhão com o Pai. Eis a verdadeira vida dos filhos de Deus, iniciada aqui na terra na fé e no amor, para culminar na eternidade onde "seremos semelhantes a Deus porque o veremos como ele é" (2a leitura).

[Fontes: "L' Osservatore Romano" e "Intimidade Divina"/ adaptação: Dr. Wilson]

sexta-feira, 20 de abril de 2012

LITURGIA / ANO B - 3º DOMINGO DO TEMPO PASCAL - 22 / ABRIL / 2012

* Temos junto do Pai um defensor: Jesus Cristo, o justo. *



1a Leitura - At 3,13-15.17-19: Deus o ressuscitou dos mortos e disso nós somos testemunhas.// 2a Leitura - 1 Jo 2,1-5: Ele é vítima de expiação pelos nossos pecados, e também pelos pecados do mundo inteiro.// Evangelho- Lc 24,35-48: Jesus apareceu no meio deles e disse: "A paz esteja convosco!"//


Oração do Dia
Ó Deus, que o vosso povo sempre exulte pela sua renovação espiritual, para que, tendo recuperado agora com alegria a condição de filhos de Deus, espere com plena confiança o dia da ressurreição. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
1ª LEITURA

Leitura dos Atos dos Apóstolos

Naqueles dias, Pedro se dirigiu ao povo, dizendo: 13“O Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó, o Deus de nossos antepassados glorificou o seu servo Jesus. Vós o entregastes e o rejeitastes diante de Pilatos, que estava decidido a soltá-lo. 14Vós rejeitastes o Santo e o Justo, e pedistes a libertação para um assassino. 15Vós matastes o autor da vida, mas Deus o ressuscitou dos mortos, e disso nós somos testemunhas.
17E agora, meus irmãos, eu sei que vós agistes por ignorância, assim como vossos chefes. 18Deus, porém, cumpriu desse modo o que havia anunciado pela boca de todos os profetas: que o seu Cristo haveria de sofrer. 19Arrependei-vos, portanto, e convertei-vos, para que vossos pecados sejam perdoados”.
SALMO DE RESPOSTA
— Sobre nós fazei brilhar o esplendor de vossa face!
— Sobre nós fazei brilhar o esplendor de vossa face!

— Quando eu chamo, respondei-me, ó meu Deus, minha justiça!/ Vós, que soubestes aliviar-me nos momentos de aflição,/ atendei-me por piedade e escutai minha oração!
— Compreendei que nosso Deus faz maravilhas por seu servo,/ e que o Senhor me ouvirá quando lhe faço a minha prece!
— Muitos há que se perguntam: “Quem nos dá felicidade?”/ Sobre nós fazei brilhar o esplendor de vossa face!
— Eu tranqüilo vou deitar-me e na paz logo adormeço,/ pois só vós, ó Senhor Deus, dais segurança à minha vida!
2ª LEITURA
Leitura da Primeira Carta de São João

1Meus filhinhos, escrevo isto para que não pequeis. No entanto, se alguém pecar, temos junto do Pai um Defensor: Jesus Cristo, o Justo. 2Ele é a vítima de expiação pelos nossos pecados, e não só pelos nossos, mas também pelos pecados do mundo inteiro.
3Para saber que o conhecemos, vejamos se guardamos os seus mandamentos. 4Quem diz: “Eu conheço a Deus”, mas não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e a verdade não está nele. 5aNaquele, porém, que guarda a sua palavra, o amor de Deus é plenamente realizado.

EVANGELHO
Evangelho de Jesus Cristo, segundo Lucas

Naquele tempo, 35os dois discípulos contaram o que tinha acontecido no caminho, e como tinham reconhecido Jesus ao partir o pão. 36Ainda estavam falando, quando o próprio Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: “A paz esteja convosco!” 37Eles ficaram assustados e cheios de medo, pensando que estavam vendo um fantasma. 38Mas Jesus disse: “Por que estais preocupados, e por que tendes dúvidas no coração? 39Vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo! Tocai em mim e vede! Um fantasma não tem carne, nem ossos, como estais vendo que eu tenho”. 40E, dizendo isso, Jesus mostrou-lhes as mãos e os pés. 41Mas eles ainda não podiam acreditar, porque estavam muito alegres e surpresos. Então Jesus disse: “Tendes aqui alguma coisa para comer?” 42Deram-lhe um pedaço de peixe assado. 43Ele o tomou e comeu diante deles.
44Depois disse-lhes: “São estas as coisas que vos falei quando ainda estava convosco: era preciso que se cumprisse tudo o que está escrito sobre mim na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos”. 45Então Jesus abriu a inteligência dos discípulos para entenderem as Escrituras, 46e lhes disse: “Assim está escrito: ‘O Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia, 47e no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém’. 48Vós sereis testemunhas de tudo isso”.


REFLEXÃO

O ambiente espiritual destes domingos pascais está iluminado pela presença de Jesus Ressuscitado no meio dos irmãos, que traz a alegria característica do Tempo Pascal. A 1ª Leitura durante este período é tirada sempre dos Atos dos Apóstolos, o livro que nos mostra os primeiros passos da Igreja a partir da pregação daqueles que foram testemunhas da vida, morte e ressurreição de Jesus. No texto de hoje, São Pedro cura um paralítico que estava à porta do Templo pedindo esmolas, despertando admiração e assombro no povo que testemunha o milagre. O apóstolo então lhes anuncia com clareza ter sido aquele homem curado não pelo seu próprio poder, mas pelo poder de Cristo a quem Deus glorificou "ressuscitando-o" dos mortos. Para ressaltar a ressurreição, não hesita Pedro de recordar os fatos dolorosos que a precederam: "Vós renegastes o santo e o justo e matastes o autor da vida". Acusações pesadas, quase cruéis! E Pedro tem consciência de estar incluído nelas, porque também renegou o mestre. Incluídos estão também todos os homens que, pelo pecado, continuam a renegar a Cristo preferindo suas próprias paixões. Não esqueceu Pedro sua culpa mas, ao mesmo tempo, tem no coração a lembrança do perdão do Senhor, e consequentemente passa a desculpar aos que estava acusando: "Irmãos, sei que agistes por ignorância, como também os vossos chefes...". Depois disso, Pedro faz-lhes um convite à conversão: "Arrependei-vos portanto, e convertei-vos para que vossos pecados sejam perdoados" (At 3,19). Como ele foi perdoado, assim também será o seu povo e qualquer outra pessoa, desde que reconheça as próprias culpas e se proponha a não mais pecar. Também o apóstolo João na 2a Leitura faz o pedido para que os fiéis não pequem: "Meus filhinhos, escrevo isto para que não pequeis" (1Jo 2,1). Todavia, ciente da fragilidade humana, continua o apóstolo: "No entanto se alguém pecar temos junto do Pai um defensor, Jesus Cristo o justo". João que no calvário tinha ouvido Cristo agonizante impetrar o perdão do Pai para os que o haviam crucificado, sabe até que ponto Jesus defende os pecadores. Vítima inocente dos pecados dos homens, é Jesus também seu mais válido advogado por ser pessoalmente a "expiação pelos nossos pecados e não só pelos nossos, mas também pelos pecados do mundo inteiro" (1 Jo 2,2). No Evangelho do dia, a aparição de Jesus ressuscitado aos apóstolos deixa-os certamente amedrontados e assustados, mas também não menos confusos e arrependidos por terem-no abandonado na Paixão. Morto para destruir o pecado e reconciliar os homens com Deus, Cristo anuncia-lhes - "A paz esteja convosco"! - para certificá-los de seu perdão, de seu amor que não mudou. Antes de despedir-se dos discípulos, torna-os mensageiros de conversão e de perdão para todos os homens. Deverão pregar em seu nome a conversão e o perdão dos pecados à todas as nações, começando por Jerusalém. A história da Igreja é a história do nome de Cristo e quer se tornar história de nossa salvação. Somos solicitados e exortados: "Vós sereis testemunhas de tudo isso"! (Lc 24,48). Assim a paz de Jesus será levada a todo o mundo, justamente porque "Ele é a expiação de nossos pecados", mistério de amor infinito!

[Fontes: "Intimidade Divina", "A Palavra de Deus no Anúncio e na Oração" e "Nas Fontes da Palavra" / Adaptação: Dr. Wilson]

sexta-feira, 13 de abril de 2012

LITURGIA /ANO B - DOMINGO DA PÁSCOA DA RESSURREIÇÃO – 08 / ABRIL / 2012


* Ressuscitar em Cristo! *



1a Leitura - At 10,34.37-43: Comemos e bebemos com ele, depois que ressuscitou dos mortos.// 2a Leitura – Cl 3,1-4: Esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo.// Evangelho - Jo 20,1-9: Ele devia ressuscitar dos mortos.// 

 "Ressuscitei, ó Pai, e sempre estou contigo" (entrada da missa). A ressurreição de Cristo é uma realidade central de nossa fé e a importância deste milagre é tão grande que os apóstolos são, antes de tudo, testemunhas da ressurreição. Desde há vinte e um séculos que a fé cristã anuncia ao mundo: Cristo vive! A ressurreição é a prova suprema da divindade de Cristo. Depois de ressuscitar pelo seu próprio poder, Jesus foi visto pelos discípulos que puderam certificar-se de que era ele mesmo. Puderam falar com ele, viram-no comer, verificaram as marcas dos pregos e da lança no seu corpo! São Pedro pronuncia um dos mais eloqüentes discursos sobre a ressurreição de Jesus (1ª Leitura): "Deus o ressuscitou no terceiro dia, concedendo-lhe que se manifestasse a testemunhas escolhidas, a nós, que comemos e bebemos com Jesus, depois que ressuscitou dos mortos" (At 10,41). Na 2ª Leitura São Paulo anuncia que se ressuscitamos com Cristo esforcemo-nos para alcançar as coisas do alto, “pois vós morrestes e a vossa vida está escondida com Cristo, em Deus” (Cl 3,3). A ressurreição de Cristo é um forte chamado ao apostolado, isto é, que sejamos luz a fim de levar luz aos outros. A nossa missão de cristãos é manifestar essa realidade do Cristo ressuscitado com a nossa vida e nossas obras. A ressurreição de Jesus é o milagre do começo de uma vida nova a partir precisamente da morte. Mas esta nova existência não é o retorno à vida de um falecido milagrosamente reanimado, como na ressurreição de Lázaro (Jo 11), na do filho da viúva de Naim (Lc 7) e na filha de Jairo (Mc 5). Nestes casos o que ocorreu foi uma reanimação e uma continuidade no ritmo biológico, um retorno à mesma natureza física e corporal de antes. Não é este o caso de Jesus que ressuscitou para nunca mais morrer e para viver toda a eternidade (Rm 6,9; Ap 1,18). A sua ressurreição não seguiu a vida natural anterior, mas outra totalmente nova e transformada como demonstram as aparições posteriores de Cristo ressuscitado. Para os apóstolos, o ressuscitado é Jesus de Nazaré, a mesma pessoa que conheceram antes em perfeita continuidade pessoal e física, mas seu corpo embora sendo o mesmo, está inegavelmente transformado. Jesus ressuscitado apresenta um novo modo de existência, uma vida nova, para a qual eles não tinham e nós também não possuímos palavra que possa definir, pois se trata de uma realidade que nos escapa e transcende às categorias humana, física e biológica, para entrar no nível sobrenatural de Deus! O Evangelho não nos fala de uma aparição de Jesus ressuscitado à Maria. De qualquer maneira, assim como ela esteve de modo especial junto da cruz do Filho, também deve ter tido uma experiência privilegiada da sua ressurreição. Depois de tanto sofrimento, Maria vê o corpo ressuscitado do Filho, livre dos maus tratos passados. As feridas das chagas que tinham sido para a mãe como espadas de dor, viu-as convertidas em fontes de amor. A Igreja, felicitando Maria, passa a rezar na sua liturgia a partir deste domingo de Páscoa a oração "Regina Coeli," que ocupará o lugar do "Angelus" durante o Tempo Pascal:- "Rainha do céu, alegra-te aleluia! Porque aquele que mereceste trazer no vosso seio ressuscitou como disse, aleluia! Roga por nós a Deus, aleluia"! E lhe pedimos que nos alcance a graça de ressuscitar sempre de todo o pecado, vivendo em comunhão com seu Filho Jesus.

  [Fontes: “Intimidade Divina”, “L' Osservatore Romano”, “Falar com Deus” e “Nas Fontes da Palavra” / adaptação: Dr. Wilson]    

sexta-feira, 16 de março de 2012

Liturgia/Ano B - 4º Domingo do Tempo da Quaresma – 18/Março/2012


* Jesus, Vida e Luz *




1ª Leitura - 2 Cr 36,14-16.19-23: A misericórdia de Deus se manifesta pela libertação do povo. // 2ª Leitura - Ef 2,4-10: Uma vez mortos para os pecados, pela graça fostes salvos. // Evangelho - Jo 3,14-21: Deus enviou o seu Filho ao mundo para que o mundo seja salvo por Ele.//

Continua a liturgia deste tempo quaresmal a falar sobre o Deus que se mantém fiel apesar das infidelidades do homem. Assim, na 1ª Leitura, Deus não deixa de enviar constantemente seus mensageiros (os profetas) para admoestar as contínuas infidelidades dos hebreus, porque tinha compaixão de seu povo. Mas eles zombavam e escarneciam dos profetas até que ocorreu a destruição do templo e a deportação dos judeus para a Babilônia. É a história que ainda hoje continua a repetir-se na vida dos povos, das famílias, dos indivíduos. Quanto mais se deixa o homem dominar pelas paixões, tanto mais se fecha à Palavra Divina e rejeita os mensageiros de Deus, sufocando a voz da consciência. O ser humano nessa situação vive em desarmonia com Deus, consigo e com o próximo. Pelo Novo Testamento sabemos que Deus, rico em misericórdia, “por causa do grande amor com que nos amou, quando estávamos mortos por causa de nossas faltas, ele nos deu a vida com Cristo. Assim, pela bondade que nos demonstrou em Jesus Cristo, Deus quis mostrar a incomparável riqueza de sua graça” (2ª Leitura). No entanto, já há dois milênios que este dom foi conferido à toda a humanidade! Para dele se beneficiar, o homem só tem que crer em Cristo, aderindo ao seu evangelho. “Com efeito, é pela graça que sois salvos ... não vem de vós, é dom de Deus para que ninguém se orgulhe” (Ef 2,8-9). Este dom gratuito da graça decorreu de acordo com o plano salvífico do Pai, totalmente apoiado na elevação e morte de seu Filho na cruz. O texto do Evangelho da missa se inicia com uma alusão à morte de Jesus sob a figura da serpente levantada por Moisés no deserto (Nm 21,8). É necessário que o Filho seja levantado na cruz! E a morte do Filho tem um efeito salvífico para todo aquele que nele crer. No deserto os israelitas feridos mortalmente pelas mordidas de cobras eram salvos, se olhavam para a serpente de bronze. Assim, também o “homem que crer no Filho elevado na cruz recebe a vida eterna” (Jo 3,15). Além do significado de se tratar de uma vida com duração ilimitada, a vida eterna significa o Reino de Deus em nós, vida de Deus como alma da nossa própria vida. A natureza primordial desta vida é o seu caráter totalmente gratuito. É dada, como o Reino de Deus é dado. Nunca é fruto simples de nosso esforço. Perante a imensurável graça de Deus obtida pela entrega de seu Filho por nós, torna-se evidente a perversidade e a maldade quando fugimos da graça divina. Sabemos que Deus não enviou seu Filho para condenar o mundo, mas para ser salvo por Ele. Esta atitude de Deus para conosco contém um apelo: criar a nossa volta um ambiente de ajuda, compreensão e perdão, evitando as condenações apressadas nos juízos, nas palavras e nas obras. O amor do Pai, manifesto em Jesus que se dá inteiramente a nós, há de estimular-nos a essa atitude de desprendimento e disponibilidade. Se nos sentimos olhados por alguém com amor, ficamos alegres, abrimo-nos para ele e ficamos felizes. Que dizer, então, se esse outro é Deus? "Nós amamos a Deus porque Ele nos amou primeiro (1Jo 4,19). Amemo-nos uns aos outros já que Deus é amor, e todo que ama nasceu de Deus e conhece a Deus. Quem não ama, não conheceu a Deus, porque Deus é Amor" (1 Jo 4,7-8).  
[Fontes: "Intimidade Divina", "L' Osservatore Romano", "Falar com Deus" e "Nas Fontes da Palavra" / adaptação: Dr. Wilson]

sexta-feira, 9 de março de 2012

LITURGIA/ANO B – 3º DOMINGO DO TEMPO DA QUARESMA- 11 / 03 / 2012


* A Fortaleza do Cristão *

1ª Leitura - Ex 20,1-17: A Lei foi dada por Moisés.// 2ª Leitura - 1 Cor 1,22-25: Pregamos Cristo crucificado, insensatez para os pagãos, mas poder e sabedoria de Deus para os que creem.// Evangelho - Jo 2, 13-25: ‘Destruí este templo, e em três dias eu o levantarei’.//  

A liturgia deste domingo recorda mais uma vez a fidelidade do amor do Pai para com o seu povo. Durante a caminhada do povo hebreu ao longo do deserto, saindo do Egito em direção à terra prometida, Deus renova sua aliança por meio de Moisés transmitindo-lhe os Dez Mandamentos (o Decálogo). Não se apresenta o Decálogo como fria lei moral, imposta do Alto por pura autoridade, mas como revelação da sabedoria de Deus que, depois de haver libertado o povo da escravidão material do Egito, quer libertá-lo de toda a escravidão moral (1ª Leitura). A aliança estabelecida com Moisés no Antigo Testamento é substituída no Novo Testamento pelo próprio Filho de Deus, Cristo a nova e eterna aliança. São Paulo proclama na 2ª Leitura que “Cristo crucificado é poder de Deus, sabedoria de Deus” (1Cor 1,23-24). Pretender seguir outro caminho é imitar a atitude dos judeus e dos pagãos, para quem a cruz de Cristo era escândalo e insensatez. "Se alguém quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me"; e ainda: "Quem não carrega a sua cruz e me segue não pode ser meu discípulo" - esta Palavra é transcendente, dirigida a homens e mulheres de todos os tempos. Aceitar a dor e as contrariedades, cumprir com esforço os deveres próprios, é condição indispensável para seguir a Cristo. No Evangelho, Jesus manifesta e exige um profundo respeito pela casa de Deus, conforme as palavras da Escritura que seriam mais tarde lembradas pelos discípulos: “O zelo por tua casa me consumirá”. A casa de Deus o consome porque a alma do Filho está na mais perfeita união com o Pai. O gesto ousado de Cristo de expulsar os profanadores do templo mostra-nos que Deus deve ser servido e adorado com reta intenção, e não servir a religião de apoio aos nossos próprios interesses. Estritamente sinceras devem ser nossas relações com Deus e com o próximo. Do mesmo modo que Jesus oferece toda honra e glória ao Pai, cada um de nós também deve ser um adorador silencioso perante a face de Deus. Nesta total união do humano com o divino, a adoração só pode consistir na mais pura e incondicional entrega à vontade de Deus. Observa João que Jesus purificou o templo, libertando-o dos vendilhões. A Igreja, ao aproximar-se a Páscoa, repete o gesto convidando os fiéis a purificar o “templo do seu próprio coração” para que dele suba a Deus um culto mais puro. Era a este templo que se referia Cristo ao dizer: "Destruí este templo, e em três dias o levantarei". Só depois da morte e ressurreição, compreenderam os discípulos estas palavras que tanto haviam escandalizado aos judeus. É o "templo de seu Corpo", de dignidade infinita, ao qual se refere Jesus. Por meio do mistério Pascal, Cristo substituiu o templo da antiga aliança pelo seu corpo, templo vivo da Santíssima Trindade oferecido em sacrifício pela salvação do mundo, que substituiu os sacrifícios de pombas, ovelhas e bois, oferecidos em Jerusalém no Antigo Testamento. O centro da Nova Aliança já não é mais o templo de pedra e sim "Cristo crucificado", loucura para o mundo, mas poder e sabedoria de Deus para os que nele creem e O amam!  

[Fontes: "Intimidade Divina", ”L 'Osservatore Romano", "Falar com Deus", "A Palavra de Deus no Anúncio e na Oração" e "Nas Fontes da Palavra" / adaptação: Dr. Wilson]